Na Champions Feminina, as francesas não dividem o troféu com mais ninguém.
A celebração da nova conquista // Fonte: Instagram (@ol)
No último domingo (30), o Wolfsburg enfrentou o Lyon pela final da Liga dos Campeões Feminina. Em uma repetição de adversários franceses contra alemães, como foi na edição masculina com PSG x Bayern de Munique, dessa vez o troféu foi para a França. A conquista por 3x1 garantiu a hegemonia do Lyon, que desde 2016 vence de maneira consecutiva a Champions. O feito histórico é resultado de ações pioneiras na modalidade, as quais são reafirmadas pelo presidente do clube, Jean-Michel Aulas. De todas as potências no futebol feminino, a mais avançada em termos de igualdade é o Lyon. O time feminino não é tido como fardo, mas sim como investimento. O clube oferece estrutura, transporte e se destaca pela folha salarial. O top5 de maiores salários na modalidade contém três jogadoras do Lyon: Ada Hegerberg com 400 mil euros/ano; Amandine Henry com 360 mil euros/ano; e Wendie Renard com 348 mil euros/ano.
O sétimo título para Le Sommer, Renard e Bouhaddi // Fonte: Instagram (@ol)
O time vitorioso consegue, a cada ano, manter suas peças-chave e contratar grandes promessas. Wendie Renard, a zagueira-artilheira, por exemplo, está no Lyon desde 2006 e sua coleção de títulos não para de aumentar – já são 14 conquistas da liga nacional e 7 no torneio europeu. Com um plantel recheado de talentos, destacar somente uma jogadora é difícil. Renard e Bouhaddi jogaram a final pela nona vez na carreira; Kumagai, a estrela japonesa, mostrou novamente sua absoluta dominância do meio de campo; Cascarino – escolhida como melhor jogadora da final – foi novamente imparável e destaque no time de veteranas. Nesta reta final de temporada, o Lyon nem sentiu falta de sua principal artilheira, Ada Hegerberg, que ainda se recupera de uma grave lesão de joelho, e outra vez quebrou recordes.
O contestante da vez foi o Wolfsburg. O time vinha motivado da conquista da Bundesliga, de maneira invicta, e da Copa da Alemanha. O desejo era recuperar o trono europeu, como ocorreu no bicampeonato de 2012 e 2013. Capitaneado pela alemã Alexandra Popp, as Lobas tiveram um percurso fácil até as semifinais, com goleadas de 15x0 e 9x1. Contudo, a um passo da grande final, o Wolfsburg deveria despachar o talentoso Barcelona, que conta com um dos melhores ataques do mundo. Hendrich e Janssen tiveram dificuldades em conter o poderio ofensivo catalão e contaram com erros bobos do adversário para manter o zero do placar. No ataque, Fridolina Rolfö selou a classificação das alemães para o principal desafio do ano.
O trio de estrelas do Wolfsburg encantou a Europa // Fonte: Instagram (@uwcl)
O obstáculo era enorme: segurar o ataque veloz do Lyon e marcar gols na melhor zaga da Europa. A esperança de vitória era personificada na dinamarquesa Pernille Harder, artilheira da Bundesliga e da Champions. No entanto, o centro das atenção não era sua atuação na final, mas a especulação acerca da transferência da atleta para o Chelsea, na Inglaterra. A informação de que Pernille seria contratada pelo gigante inglês surgiu em diversos veículos de comunicação e dividiu o foco dos torcedores antes da finalíssima. Se os rumores se confirmarem, a contratação deverá ser a maior da história do futebol feminino, envolvendo 350 mil libras na transação. Como destaques, é impossível não mencionar Ingrid Engen, de apenas 22 anos, que mostrou ser uma atleta completa e fundamental no esquema tático do Wolfsburg e que ainda dará enormes alegrias à seleção norueguesa; Alexandra Popp, que continua atuando em alto nível e disputando os troféus mais relevantes; Dominique Janssen, incontestável na seleção holandesa, fez tudo que pôde para segurar os ímpetos franceses; e Pernille Harder, que não brilhou no jogo mais importante da campanha, mas assegurou seu nome como uma das melhores jogadoras do mundo. O término triste de temporada do Wolfsburg não pode, contudo, apagar os triunfos nacionais de um time habilidoso e que terá um crescimento enorme nos próximos anos.
A alegria das francesas se repete // Fonte: Instagram (@uwcl)
A final da Liga dos Campeões Feminina proporcionou todos os tipos de emoções aos torcedores. E, de certa forma, o mesmo ocorreu no futebol dos homens. De um lado, havia um clube com um sólido planejamento e investimentos pontuais; de outro, um desafiador menos consistente, porém com talentos individuais que poderiam surpreender. Foram edições distintas, mas com uma constante: a organização é o melhor jogador do time.
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