Veja quais são os jogadores mais valiosos da terra da rainha.
Fonte: Robbie Jay Barratt (Getty Images) // Reprodução
A origem do futebol, embora muito discutida, tem real difusão e reconhecimento na Inglaterra. Se antes, no início, era um jogo extremamente desorganizado e violento, hoje pode-se dizer que é o esporte que domina o mundo. Com pouco investimento nas categorias de base e resistência na inclusão de novas táticas do jogo, a Inglaterra com seu pragmatismo foi campeã da Copa do Mundo em 1966 e desde então não chegou nem perto de uma conquista, exceto nas edições de 1990, na qual foi eliminada pela Alemanha nos pênaltis, e de 2018, eliminada pela Croácia nos acréscimos.
Mesmo com dois timaços nas edições de 2006 ( como Michael Owen, Beckham, Lampard, Gerrard, Rooney) e de 2010, os lions não corresponderam às expectativas. Colecionando fracassos na Euro e na Copa do Mundo, os ingleses, numa iniciativa que rompeu um comodismo de mais de 50 anos, iniciaram um ambicioso projeto de investimento nas categorias de base. Uma quantia de 1,1 bilhão de reais foi investida nas categorias de base de 2015 à 2019 com novas instalações, cursos para técnicos, uma ampla rede de olheiros no país e uma parceria com os alemães na melhoria da formação de jogadores.
Os frutos deste investimento? Foi a seleção que dominou os campeonatos de base, como o Mundial sub-20 em junho de 2017, a Eurocopa sub-19 em julho e, em novembro, o título mundial sub-17. A copa do mundo de 2018 já foi uma ótima vitrine para os britânicos, apesar de serem eliminados nas semifinais pela Croácia de Luka Modric num jogo dramático. O elenco já era composto por jovens talentos que tem no mínimo mais 2 copas pela frente, casos como Rashford, Alexander Arnold, Dele Alli, Sterling...
De acordo com os números oferecidos pelo Transfermarkt, as duas seleções sub-23 mais valiosas são Inglaterra e França. O investimento teve retorno rapidamente e hoje esta é a seleção de 11 jogadores da Inglaterra, num 5-3-2, formação mais utilizada pelo treinador Gareth Southgate, tendo o jogador mais valioso (euros) em cada posição:
Dean Henderson, goleiro de 23 anos dos Red Devils, participou das seleções de base e hoje é uma das maiores promessas do futebol mundial, já disputando uma vaga no time titular com o arqueiro espanhol David De Gea.
Trent Alexander-Arnold dispensa comentários, atualmente com 22 anos, jogador da base do Liverpool também com passagem pelas seleções de base, já é considerado com certa folga o melhor lateral direito do mundo. Já demonstrou também versatilidade, atuando várias vezes como meio campista. Se existe uma posição que merece destaque é esta. São no mínimo 5 excelentes jogadores ingleses atuando na lateral direita, um misto de experiência e juventude: Kyle Walker (30). Trippier (30), Wan-Bissaka (23), Arnold (22), Reece James (21).
Joe Gomez, zagueiro titular do Liverpool fazendo dupla com Van Dijk, aos 23 anos mostra versatilidade atuando na lateral direita e na zaga. Também com passagem pelas seleções de base. Zagueiro de 1,88 m, tem boa impulsão e muita velocidade.
Crédito: elinedesignservices
Declan Rice (22 anos), jogador disputado por vários times da Premier League, atua no West Ham e vem fazendo ótima temporada jogando como volante, mas também atua como zagueiro. Encaixa como uma luva na seleção inglesa jogando como zagueiro central, com 1,85m tem bom físico e bons passes. Nascido em Londres, fez a base no Chelsea e West Ham, atuou pelas seleções de base da Irlanda (em maioria) e da Inglaterra, mas recentemente fez a escolha pela seleção inglesa. O jovem chamou a atenção de Pep Guardiola, porém o City se assustou com os valores. Atualmente o Chelsea deseja reforçar o elenco com o volante.
Fikayo Tomori (23 anos) nasceu no Canadá, contudo atuou pelas seleções de base da Inglaterra. Cria dos blues, Tomori esbanja velocidade com seus 1,84m e também atua nas laterais. Recentemente mudou-se para a Itália em transferência junto ao Milan, empréstimo com opção de compra. Atuar na terra dos zagueiros pode ser uma boa opção para um jovem que busca mais minutos.
Ben Chiwell (23 anos) é hoje um dos melhores laterais da PL. Vindo do Leicester após ótima temporada, o defensor do Chelsea é uma das esperanças na terra dos Beattles para ser um novo nome de peso pela esquerda após uma lacuna gigante deixada por Ashley Cole.
Phil Foden (20 anos), o "queridinho" de Pep Guardiola, passou por todas as seleções de base da Inglaterra, sendo parte da geração de garotos campeões. O meia canhoto foi formado pelo City e cada vez mais vai ganhando minutos em campo. Na temporada atual são 25 jogos em todas as competições, 9 gols e 5 assistências. " O mais talentoso que já vi", Pep Guardiola ao se referir a jogadores na idade de Foden.
James Maddinson ( 23 anos), jogador fundamental do Leicester na atual e última temporada, o camisa 10 se destaca pelos dribles, passes e ótima finalização, podendo atuar na meia esquerda no centro e como meia avançado. Junto com Jamie Vardy, lidera a criação e finalização de jogadas. Também tem passagens pelas seleções de base.
Marcus Rashford (23 anos) impressiona pela velocidade e poder de decisão (43% dos gols tem participação dele). Já é um dos capitães do Manchester United e líder do time, fez sua base no United e na seleção. É o terceiro mais valioso dessa lista, atua em todas as posições do ataque, já sendo titular da seleção.
Jadon Sancho (20), o segundo mais valioso da lista, é o maior talento no ataque dos lions. Tendo Neymar como inspiração, Sancho é um exímio driblador, com técnica perfeita e um ótimo assistente. Fazendo dupla monstruosa com Haaland no Dortmund, é um dos raros ingleses que saíram da PL para uma liga menor. Fez base no City e na seleção e foi para o Borussia em busca de oportunidades que eram poucas no time de Guardiola. Atualmente , junto com Haaland e Mbappé, é um dos jovens mais cobiçados do mercado europeu. Atua na ponta direita, mas com possibilidade de jogar pelo meio e na esquerda.
O matador do time é Calvert Lewin ( 23 anos). Parceiro de Richarlison no Everton, foi formado no Sheffield e seus 1,87 não o impedem de ser um jogador ágil e veloz, o que permite que ele também atua pelas pontas. Ele tem sido o homem-gol de Ancelotti e faz uma boa temporada até aqui ( participação em 42% dos gols).
Juntar esses talentos à Harry Kane, Henderson, Vardy, Sterling - dentre outros como Greenwood, Mount, Saka - é como uma mina de diamantes. Não é por acaso que todos esse jogadores passaram pelas seleções juvenis e atualmente são convocados para a principal. São frutos de um longo trabalho que deveria ser mais valorizado no Brasil. Um país com tantos talentos desperdiçados ainda consegue ser o maior campeão, mas será que isso se manterá com a avalanche de inovações e técnicas na Europa? Cada vez menos os times sul-americanos enfrentarão as seleções europeias devido ao novo calendário do velho continente (Nations League).
Por quanto tempo o Brasil pode competir com a estrutura europeia? Já não passou da hora de convocar mais jovens e menos jogadores acima dos 30, testar mais? Até quando será possível convocar jogadores que atuam no brasileirão? Sabe-se que a diferença tática e física é enorme. A alegria nas pernas vai vencer para sempre? Os Ingleses se perderam no reducionismo e no contentamento de terem inventado o jogo e são a prova viva de que o futebol precisa de novas ideias. O Brasil terá novos diamantes, como sempre teve, mas quem vai lapidá-los?
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